Brinco de marfim
Saiu armada dos melhores perfumes. A escolha da veste etérea confundia-se com a das lembranças que determinariam o pra frente.
Não se queria, para hoje. Preferia guardar-se do mundo, apresentar-se em brincos e lenços emprestados. Eles que saíssem, em boa figura, enquanto seu silêncio permanceria intacto, guardado, escondido. Para hoje, o mundo havia escolhido ser solar demais para seus grandes olhos.
Seu canto era o da lua, gigante em seu grito branco. Levou-a consigo, no brinco de marfim, espada secreta na preguiça do sol forte.
Mais tarde, não seria capaz de reconstruir seu dia em memória. Ele havia existido apenas no brilho lunar, na grande e acolhedora noite ritmada nos sapatos ao sol.